Sem grande admiração, por parte da Ecobike, aceitou o desafio eu (Tojo), Leandro e o Hélder Coelho, juntando-se ao trio magnífico o Luís Correia, que foi uma agradável surpresa, pois está em grande forma.
Em virtude de estarem previstas longas horas em cima das nossas meninas, a partida seria dada pelas 06H00 em Amarante, pelo que obrigou o quarteto a dormir rápido. A concentração estava assim marcada para as 0500, junto à casa do Coelho. Milagrosamente este atrasou-se apenas 15 minutos, onde de imediato partimos rumo a Amarante, para mais uma jornada de puro btt.
Ao sair de casa, olhei para o relógio do carro e marcava 05H00, com uma temperatura de 4ºC, divagando para os meus botons aquilo que muitos já me questionaram: O que leva um indivíduo a sair da cama às 04H00 da manhã, com temperaturas negativas ou a rondar isso, para fazer uma viagem de muitos quilómetros, para de seguida sofrer em cima de uma bicicleta durante horas????...e eu respondo sempre: porque amo este desporto e no btt os trilhos e o sofrimento aceitam-se de sorriso no rosto.
Choramingos à parte, voltemos ao Montain Quest…lol… Já em Amarante e quando nos equipávamos, verifiquei que me tinha enganado nas botas, ou seja, tinha trazido pedais crank e botas de spd, aí sim comecei a stressar. Foi então que o Coelho se lembrou que tinha o número do telemóvel do João, onde de imediato lhe pedi ajuda. No meio da confusão normal do início deste evento, em que ele era o principal responsável, mesmo assim prontificou-se a vir ter comigo, onde me levou a um local onde estavam guardadas mais duas Rocky Montain, dando autorização para retirar os pedais, pois tinha que ir para a partida. Uma palavra de agradecimento ao mesmo, que se não fosse a sua boa-vontade teria que ficar nas piscinas a nadar o dia todo, ia mais virar peixe…Começamos assim o percurso com algum atraso em relação aos restantes, pois colocar os pedais na minha bicicleta foi outra aventura, onde gentilmente um outro colega parou para me ajudar, as coisas não começavam fáceis …
Neste tipo de desafios, em que a dificuldade é muita, prefiro delinear pequenos objectivos, ou neste caso, cume a cume:
1º objetivo – conquistar 1ºcume: depois dos contratempos iniciais já relatados, começamos a pedalar perto das 06H15, com uma temperatura que não estaria mais que 0 C. Optamos por rolar tranquilos até aquecer bem o motor, além de que a organização tinha esquecido de aquecer a pista. A rolar a boa média, optamos por não fazer grandes paragens e as que fazíamos eram de breves 3/4 minutos, o suficiente para comer algo, chichizinho, fotos da praxe, consultar gráfico e ligar novamente as nossas máquinas. Assim chegamos a uma altitude de 960+, em apenas 16 km percorridos e sempre com o frio na nossa roda. Logo de seguida descemos até perto dos 520+ altitude, para apanhar balanço para a 2º cume.
2º Objetivo – conquistar 2º cume: numa altura em que o sol mostrava timidamente os seus raios, continuamos calmos na nossa “missão”, onde continuamos a subir até aos 940+, onde tínhamos apenas 27 km nas pernas, onde me perguntava se estariam os conta-kms avariados???...lol…
3º Objetivo – conquistar 3º cume: continuávamos a subir, subir, subir, onde apenas levantava a cabeça por breves momentos, sem grande coragem para esticar muito o pescoço, pois nunca conseguia ver o fim da mesma. Acabamos por subir até a uma altitude de 1290+, com cerca de 40 km percorridos. Aqui decidimos que no fim da descida, que foi feita até perto dos 600+, faríamos a nossa pausa mais prolongada para comer o nosso frango assado e deitar abaixo o nosso frisante. Ainda deu tempo para tomar um cafezinho num café local, com pessoal simpático.
Depois deste descanso e já com uma boa porrada em cima das penas, a vontade não era muita de pedalar, e nesta altura falamos com o presidente para mandar o helicóptero que utilizamos nos nossos eventos, para nos extrair, mas fomos informados que o piloto - Domingos - estava de serviço…lol…
4º objectivo – conquistar 4º cume: a esta altura a temperatura estava agradável, aproveitando para retirar a roupa quente, para não ficarmos encharcados em suor, pois tínhamos uma boa parede para escalar e não tínhamos trazido as cordas e os ganchos…lol… faltava uma, apenas uma…mas a equipa mostrava-se capaz de concretizar este último esforço. Assim sendo tínhamos apenas 12 km até ao cimo. Foi então que pedi a um dos índios- Coelho, para me ir informando sempre que atingíssemos mais 100+ acumulado…lol…temos que inventar algo para doer menos. Esta subida foi brutal, quer em termos dificuldade física, bem como em paisagem, funcionando mesmo como um retiro espiritual: um místico de dor, sofrimento, a luta pessoal, o suor a cair, o silêncio no ar, a paisagem fantástica da serra sempre ao nosso lado a dar apoio, os kms a andarem muito devagar e o cronómetro a nadar mais rápido e sem parar, os abutres a pairar no ar a gritarem “caiam, caiam…lol….”, o espírito de sacrifício e a equipa sempre a subir. Foi assim com muita alegria que chegamos ao Alto da Srª Serra - Marão, a uma altitude de 1414m+, com cerca de 60 Km efectuados. Deste ponto conseguimos ver Serra Alvão, Vila Real e ainda Srª Graça.
A parte mais difícil estava feita e tivemos prazer de conhecer Francelino Fernandes que nos deu apoio, nomeadamente no abastecimento de água e de bananas. Posteriormente compartilhou com todos os participantes as imensas fotos que tirou, juntamente com a sua companheira de caminhada, que ficaram extraordinárias, obrigado e parabéns.
Faltavam assim pouco mais de 30 km, que pese embora tivessem sido cumpridos a rolar em boa velocidade e a descer até Amarante, não foram muito fáceis, devido ao problema que tive na suspensão da frente. Aí lembrei-me das subidas que já tinha feito e de como se tornam confortáveis em relação a estas descidas em pedra solta e dura, sem suspensão….lol…Mas a vontade era muita e essa superava as dores do corpo que ainda tentei perceber quais as partes que não me doíam….
Eis que chegamos ao Mosteiro de S. Gonçalo, no Centro da cidade Amarante, local de onde tínhamos partido de madrugada, para foto posteridade de objetivo cumprido e com sucesso.
Foi com enorme alegria e realização pessoal que juntos conseguimos aqui chegar, digo conseguimos pois fui com mais 3 amigos – Coelho, Leandro e o Luís Correia.
Em termos estatísticos ficaram os 96Km percorridos com um acumulado de 3600+
Esta crónica serve também como agradecimento aos meus 3 amigos que comigo pedalaram e acompanharam por estas 3 serras, e que sem o trabalho de equipa não teriamos conseguido completar esta “missão”. Uma palavra de amizade e agradecimento ao João Marinho pela dinamização desta modalidade, e pese embora tenha privado pouco com o mesmo, deu para perceber a boa pessoa que o mesmo é. Parabéns a todos os insanos que conseguiram atingir os objectivos a que no inicio se tinham proposto. Até à próxima aventura…..
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