2ª etapa VCPGE (continuação)

2ª etapa VCPGE– Fafe – Terras de Bouro – 102 km com 3100+.
   A noite foi barulhenta, com sons oriundos dos confins do inferno, pelo menos para mim, ao invés o autor dormia descansado da vida…é o preço que se paga por dormir com cerca de 250 pessoas num pavilhão.
    Esta etapa estava catalogada como a etapa rainha desta edição, pela sua dificuldade e paisagens. 
  Oficialmente a alvorada foi feita por volta das 05H30 e pelos vistos muita gente já estava com pressa de ir pedalar, pois rapidamente o barulho impunha-se. Ainda era muito cedo para stressar e por isso, mantínhamos um pouco mais na bela cama, que a organização nos presenteava…
    Depois de um belo pequeno-almoço, preparamos tudo para esta etapa e fomos entregar os sacos que seriam transportados desta feita até Terras de Bouro, junto à Camara Municipal.
   Quando me preparava para pedalar, olhei para a bike e faltava o Gps…lindo…tive de ir novamente ao pessoal que recolhiam os nossos sacos e pedir para retirarem o meu saco, que se encontrava no início da carrinha, já com dezenas e dezenas de sacos em cima do meu….bem foi lindo, os coitados dos homens tiveram que retirar tudo novamente para encontrar o meu, que vergonha….
 Tendo em conta o comportamento da 1ª etapa, em que tínhamos rolado muitos quilómetros na companhia da Celina e do Valério, e, os mesmos terem um andamento muito certinho, decidimos tentar desde início fazer uma “guarda de honra” aos mesmos.
 No briefing foi-nos comunicado uma alteração ao percurso, tendo em conta o flagelo dos incêndios que ocorrem sempre nesta altura do ano, contudo a mesma já estava prevista em caso de emergência.
   Assim, até ao 1º abastecimento (km 34) tudo seria igual, alterando o track para o percurso alternativo, que seria um pouco maior que o inicial, mas supostamente menos duro…
   O início da etapa foi feito em bom ritmo, contudo estava um pouco nervoso, que me provocou 3 quedas e muita trapalhice, em parte devido a ter enchido os pneus.
    Começamos a etapa nos famosos Carvalhais de Fafe, para logo de seguida entrarmos no passadiço da Queimadela- Aldeia de Pontido- praia fluvial da Barragem da Queimada (10 Km), onde estava o abastecimento liquido.
  Para a primeira dificuldade do dia, tínhamos uma subida de 7 kms até ao ponto mais alto de Fafe – Alto de Morgair (18 kms), mas aqui as pernas ainda respondiam bem e dava para manter o ritmo forte.
    A descer é que as coisas não se tornavam fáceis, pois o pessoal voava autenticamente, e tinha que esperar sempre pelo seu final, para voltar a juntar.
  Esta descida “bruta” levou-nos à Albufeira do Ermal, com passagem pela barragem, para entrar em Vieira do Minho, onde nos esperava o abastecimento (km 34).
    Aqui, como sempre, além do pessoal que de imediato pegavam nas nossas bikes, para lhes dar um miminho, ao mesmo tempo nós íamos enchendo a barriga com a comidinha boa, que fomos sempre presenteados em cada abastecimento e em cada etapa.
    Mas tudo que desce, também sobe. E veio a segunda grande dificuldade com a subida de 11 km na Serra da Cabreira, que ainda tinha força e animo para tirar umas selfies.
    No seu término, passamos pelo Parque de Merendas da Serradela (km 44) e Parque Eólico de Cabeço da Vaca.
    O calor apertava e bem, dificultado ainda mais uma etapa dura por si.
 Voltamos a descer até a Albufeira de Salamonde, com vistas para a Serra do Gerês, com passagem pela aldeia com o mesmo nome.
 Em Fabião tínhamos um autêntica parede, a sorte é que era em asfalto, mas que doeu não tenho dúvidas. Entravamos assim no Parque Natural da Peneda-Gerês.
    Já em Ermida estava montado outro ponto de abastecimento, seguindo-se um autêntico parte pernas, com subidas feitas em força e muito rápidas.
   Faltava a subida da Aldeia de Mata Vacas (Serra Santa Isabel), não sei quantas morreram, mas eu morri e não tenho dúvidas. O que sofri, para fazer esta subida de 6,5 km de comprimento e inclinação média de 10%. O calor e o cansaço acumulado, fez-me sofrer imenso para conseguir acompanhar o Gouveia, que continuava muito forte e determinado a não baixar o ritmo.
    Contudo, no último km fui “obrigado” a deixar a “dupla” ir, já tinha dado tudo, não restava mais nadinha de nada.
   Lá cheguei morto ao cimo (Aldeia dos Quatro Abades), restando-me apertar na descida até à Camara Municipal de Terras de Bouro, para não perder muito tempo e cortar a meta.  
   Passamos por Fafe- Guilhofrei- Barragem Ermal- Mosteiro- Vieira do Minho- Fabião- Ermida- Parque Nacional Peneda-Gerês- Albufeira da Caniçada- Terras de Bouro.
Estatisticamente fizemos os 102 km em 05H44, a média de 20km/h, atingindo o máximo de 67,0km/h e bat. cardi. médio de 140 puls.
       A etapa foi concluída 37º lugar na geral e 10º escalão Master 40;
   Mais uma etapa muito dura, em que voltei a sofrer muito na parte final da mesma, mas mesmo assim, deu para aguentar o top 10 no meu escalão.
   No final acabamos na fonte, com a cabeça e perninhas dentro de água, já nem saía dali, que coça….
    Restava entregar a bike para tratarem dela, porque eu não conseguia, e ir ao lanche de recuperação encher a “blusa”.
   Desta feita, não me deixei enganar, pois ao lado do meu colchão, ninguém se quis deitar, que sorte a minha, pelos vistos iria dormir de noite.
   O jantar já correu muito melhor e rapidamente jantamos e assistimos à entrega dos jersey dos líderes, para logo de seguida chichi-cama.
     Estava muito cansado, mas determinado e com a moral em alta, e como sabem a cabeça manda muito.

       Restava antes de desligar as luzes e fazer silêncio, preparar tudo para o dia de amanhã.

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