10 Julho de 2016- Skyroad Serra da Estrela

4ª prova da época - Skyroad Serra da Estrela. A experiência começa a ser alguma neste “mundo” da roda fininha.

 Basicamente os objetivos pessoais são sempre os mesmos, onde nas semanas que antecede, penso sempre que gostava muito, mas mesmo muito de não sofrer o que sofri nas anteriores. Se isso seria possível???? Duvido…a ver vamos.
  No ano anterior participei na prova curta, mas este ano, o mister pôs logo de parte esse pensamento, ele não tem piedade nenhuma de mim.
   Assim sendo e já reconfortado, tinha como pensamento ser Finisher e bater o tempo de ouro (07H00) previsto pela organização.
    Claro que não basta querer participar e traçar metas ambiciosas, temos de treinar com vontade, alma, rigor, sacrifício, para se algo correr mal, a consciência estar tranquila, que fizemos tudo o que foi possível para estarmos no nosso melhor naquele dia.
  No domingo, levantamos cedinho da caminha, para poder fazer uma viagem tranquila até Seia, com tempo para levantar o kit de participante e preparar tudo cuidadosamente, sem stress, para que nada seja esquecido.
   O “quartel general” estava montado na cidade de Seia e contava com a presença de 1500 pessoas, onde 250 eram estrangeiros de 18 nacionalidades, divididas no Mediofondo (67 km com 2700+) e o Granfondo (160 km com 4400+). As boxs são atribuídas consoante o pagamento efetuado por cada atleta. Claro que uma vez mais, vim para o fundo da “fila”, tendo como dorsal o nº 1235- box G e última.
   Os minutos que antecedem o tiro de partida, são sempre compostos por um misto de adrenalina, confusão, cores, super-máquinas leves e sofisticadas, onde só acalma com o apito inicial.
   Este Granfondo, decorre num cenário de alta montanha granítica, onde perdemos de vista o horizonte, nas belas paisagens com subidas e descidas de cortar a respiração, subindo até ao ponto mais alto de Portugal Continental a 1993m de altitude, tá tudo dito….
     O Almoço e lanche foi servido, com início na vertente sul da Serra da Estrela, passagem pela Lagoa Comprida, com o seu terrível Adamastor para aquecer as pernas, passagem para norte e posteriormente a partir de Manteigas subir o Vale Glaciar do Zêzere até ao alto da torre, onde o calor fez-se sentir com muita intensidade, durante todo o percurso.
    A partida foi dada às 08H30 e agora apenas restava “lutar” apenas contra mim e pelo que eu tinha traçado.
      Desta feita beneficiei da separação dos percursos, logo aos 7 km, que originou logo uma grande separação de atletas, e assim menos confusão para poder chegar à frente.
      O percurso estava muito bem sinalizado, com polícia e voluntários, nos cruzamentos e locais mais perigosos, onde eramos atempadamente avisados dos mesmos, com bandeirolas e apitos.
    De salientar ainda as inúmeras motas e carros apoio durante todo o percurso, com rodas e outros artigos para ajudar os menos felizardos nos contratempos que surgiram.
  Relativamente aos abastecimentos, estavam bem distribuídos e compostos, com água, bebidas isotónicas, fruta, salgados, doces, estando a bom nível, encontrando ainda sinalizações de várias fontes ao longo do percurso, para o pessoal poder reconfortar a barriga e baixar o termómetro do corpo.
     Como pontos mais importantes e que deram uma carga de “trabalho” a passar, muito destes foram feitos de “pá e pica”:
- Seia- Portela do Arão – 15 km  a 3,5%
- Loriga- Lagoa Comprida (Adamastor) – 12,5 Km a 6,7% com percentagens de 14%
- Sabugueiro - Stº Estevão – 6,5 km a 4,6%
- Manteigas- Torre – 19 km a 6,2%
Decidimos gerir a prova, com andamentos que sabíamos aguentar, ou pelo menos se nada acontecesse, chegaríamos menos mal ao fim.
     O dia esteve sempre muito quente, com temperaturas de 36º, mas em algumas zonas, principalmente na torre, o asfalto estava a arder com temperaturas de 45º, muito, muito quente.
   Optámos por perder (ou não) algum tempo nos abastecimentos, para comermos algo, e principalmente abastecermos de líquidos, que se tornaram indispensáveis para terminar.
 Basicamente subíamos sempre confortáveis e as descíamos sempre da mesma forma…à morte…lol…
    Na subida de Manteigas para a torre, onde o desgaste já era imenso, ainda fui obrigado a refrescar os pés, que estavam a assar…mais parecia que estava a ferver mais da parte de baixo que na cabeça.
    Num dos momentos em que o meu “vizinho” ia na frente, virou-se para trás e disse: “vai devagar, tás sempre a picar”…ele ia na frente e eu é que ia a picar…não fosse tão cansado e a força escassear, e tinha-me atirado para o chão a rir.  
     Demorei assim 06H12 a percorrer os 131 km com 4400+, ficando em 20º no meu escalão de 174 e na geral 139º de 592 atletas que terminaram, onde fiquei muito feliz com esta classificação, que nunca pensei ser possível.
  Depois das fotos habituais, voltamos a Seia, onde reconfortamos o estômago com a habitual Pasta Recovery.
  Como este evento sorteia prémios por todos os participantes, ainda fomos esperançados verificar a lista de felizardos, mas não foi o nosso dia.
 Uma palavra de agradecimento ao mister e amigo Gouveia, por fazermos novamente esta prova juntos, onde sem dúvida o lema “ quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado, com certeza vai mais longe”, cada vez tem mais sentido.

   Temos de ter capacidade de dar, para no dia que passarmos mal, termos alguém ao nosso lado. Nem todos têm essa capacidade….o futuro de nós dirá…

1 comentário:

Cristina Carvalho disse...

Parabéns pelo desempenho . Como prova de reconhecimento e mérito tiveram direito á deliciosa Nata de cereja, folhadinho de ovos moles com doce de cereja e ao magnifico Palmier duplo de cereja...