7, 8, 9 Agosto- Vila do Conde- Gerês Extreme

    Finalmente tinha chegado a grande prova do ano em Btt- Vila do Conde-Gerês Extreme.
      O ano passado infelizmente fui obrigado a desistir devido ao acidente que tive uma semana antes da prova, que me tinha fraturado uma costela.
       Este ano sentia-me bem e em forma, pois os quilómetros já eram muitos e as provas também.
   O Vila do Conde- Gerês Extreme, foi uma prova realizada em duplas e por isso de nada interessa estares bem, se a tua dupla não estiver também ao teu nível.
    O Ricardo teve alguns problemas na sua preparação, que o prejudicou em muito o seu normal andamento e que eu bem conheço.
    Contudo nas últimas semanas finalmente conseguiu meter algum treino nas pernas, e estava confiante para ir à luta, mesmo tendo noção que estava longe da sua melhor forma.
     A prova realizou-se nos dias 7, 8 e 9 de Agosto, em que no dia 7 tivemos um prólogo em terreno misto com cerca de 4 km, na cidade de Vila do Conde e nos dois dias seguintes, etapas em linha com a extensão total de cerca de 240 km e com 6000 altimetria, sempre guiados por gps.
    Depois de tudo pensado, organizado e repensado, já que nada podia faltar para os três dias de prova, na 6ª feira lá partimos para a cidade de Vila do Conde para levantar todo o nosso kit e avançar para o prólogo.
     Gosto de abordar o prólogo, sem grandes riscos e loucuras, para não deitar por terra o que ainda tínhamos pela frente, isso sim, o mais importante.
     Como companhia ainda contamos com o Gouveia e o Leite, que tinham outro tipo de objetivos para esta prova e bem, pois estavam muito fortes e esperava que conseguissem boas classificações.
   Quando demos por ela, já estávamos montados no palanque para começar a nossa prova e ao som, lá partimos de forma tranquila, onde perto do km 2, ouço um grande estrondo, e quando olhei para trás, vejo o Ricardo quase a ir contra um muro.
    Pensei que tinha saído o pé do patim, mas não, foi bem pior, tinha mesmo partido o crank, que há muito sabia que não estava em grande forma e que até já o tinha soldado.
     Quando vi aquilo, fiquei que nem um cão, só me apetecia torcer-lhe o pescoço e/ou ferrar-lhe no pescoço.
    Não havia muito a fazer, restava apenas levar a Bike até à meta e informar a organização do acontecido e como estava previsto no regulamento, ficamos com o pior resultado dos participantes.  
   Tínhamos pouco tempo para solucionar o problema.
     Desta forma, ainda comemos algo, mas viemos logo embora, já que o Ricardo ainda tinha de ir ao mecânico solucionar o crank, que passou por meter uma pedaleira toda nova. Sem dúvida que começávamos em grande a nossa prova.
    Pois bem, foi um dormir algo rápido, pois logo muito cedo, arrancamos novamente para Vila do Conde, onde depois de tomar um bom pequeno-almoço, com muita variedade de comida, fruta, bebidas, bolos, etc.
     Para esta etapa contávamos com 130km com mais de 3800+, era sem duvida números astronómicos, mas também era por essa razão, que chamavam de épico …lol..
   Como estava previsto, tínhamos de enviar num saco, tudo aquilo que precisávamos para o dia seguinte, pois tínhamos de dormir num pavilhão em Arcos de Valdevez, final desta etapa.
    Começamos calmos e pedalava descontraído, sentindo que nas subidas o Ricardo defendia-se mais, nada de anormal já que por norma subo melhor que ele.
   Contudo notava que constantemente éramos ultrapassados por duplas que nem de longe, teriam pernas para nos acompanhar, mas a verdade é que não conseguíamos responder e eles fugiam quilómetro a quilómetro.
     Aproveitámos os abastecimentos para nos alimentar e principalmente abastecer de líquidos, tendo em conta o imenso calor que se fazia sentir. Ainda descansávamos um pouco, tendo sempre a preocupação de não parar muito tempo, e, neste ponto fomos irrepreensíveis.
    Neste tipo de provas, duras e longas, gosto de correr, abastecimento a abastecimento, não me preocupando muito em pensar no fim da prova.
     Fomos assim passando por Famalicão, Penedo das Letras (com os seus 5 picos), Srª. da Saúde, Stª Marta das Cortiça, Santuário de Bom Jesus, Amares, Terras de Bouro e Geira Romana.
     Numa das quedas que tive, rebentei as presilhas do gps, ficando desde então a navegar apenas com o Gps do Ricardo. Penso que resultou bem, pois parece que ganhou um pouco mais de energia, já que foi obrigado a vir para a frente, para indicar o track.
     No 4º posto de abastecimento, situado em Terras de Bouro (km 96), o Ricardo aproveitando os festejos que ali se comemoravam, foi-se abastecer de cerveja em vez de bebida isotónicas, já estava maluquinho de todo. De nada adiantou chamar por ele…lol..
     De seguida tivemos a subida da Serra Amarela para Germil, numa extensão de 7 km com pendentes muito elevados, terminando num trilho de terra com cerca de 3,5 km de dificuldade extrema.
     Pois bem, foi aqui que senti que o meu companheiro não estava bem, necessitando mesmo de parar para poder respirar, deitando-se mesmo no chão, com o motor completamente partido.
    Foi uma dolorosa subida, tendo de empurrar a Bike até ao ponto do abastecimento e não nos restava mais que atirar a toalha ao chão e pedir o helicóptero até ao pavilhão.
    Com certeza que foi um momento triste para nós, e, como referi ao Ricardo, para determinadas provas, não basta só a vontade e o querer, temos mesmo de ter muitas horas de treino e dedicação a esta modalidade tao exigente, como é o btt.
    Ele pagou com o corpo o esforço épico que fez para conseguir chegar onde chegou, onde acredito que a maior parte das pessoas não conseguiriam chegar a metade.
     Mesmo assim, e em grande dificuldade, fizemos 110km em 09H00 em andamento e já com uma altimetria de 3100+.
   Depois de apanharmos a boleia até à meta, fica sempre uma sensação esquisita e nada habitual de chegar no carro vassoura, em que mais parece que temos alguma coisa escrita na testa, e ficam todos a olhar espantados para nós, mas também não era de admirar pois muitos dos que lá iam, mais pareciam mortos…lol…
  No pavilhão, há muito que se encontravam os prós - Gouveia e Leite, que tinham conseguido ficar em 8º classificado no escalão deles.
     Entregamos as bicicletas ao staff e fomos tomar um banho reconfortante e jantamos tão descansadinhos, que até nos esquecemos das bikes, que há muito se encontram lavadinhas, deitadas na relva…
      Mas o Ricardo não estava grande coisa, e depois de reunir os diretores da equipa dos Templários, decidimos não ter condições para continuar em prova, deixando para o ano a respetiva vingança…
      Foi bom enquanto durou, desistir nunca foi fácil, mas a equipa unida, jamais será vencida.

     Ficou a questão no ar: será que vai ser para o ano, à terceira tentativa ?????

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