01 Maio 2016 - Douro Granfondo

      Após o Granfondo de Èvora, onde o desgaste foi intenso, tinha necessidade de descansar um pouco e recuperar as forças, de forma a estar em bom nível no Douro.
     Sabia que a prova ia ser dura, e, inclusive tinha dúvidas qual a distância que ia participar. Contudo, o mister não estava com vontade de facilitar as coisas e dizia que íamos fazer os dois a distância grande. Pelos vistos, além de ter de fazer os 160 km, ainda o teria de acompanhar....k medoooo.
         Não tardou nada e já estávamos a fazer a viagem bem cedinho para o Douro. 
      Chegados bem  ao centro da Régua, local onde estava montado todo o quartel general do Granfondo, era visível a azáfama, a adrenalina, as cores das equipas, o montar das bikes, ou melhor super-bikes, o animar do speacker, enfim, um conjunto de pormenores que antece um evento, com 3000 participantes e com atletas de 17 nacionalidades diferentes, onde nada parecia falhar.
   Uma vez mais aprendi o quanto é importante ver, rever e tornar a confirmar todo o material que se leva para uma prova, em que uma falha, é a morte do artista. Desta feita esqueci osóculos de sol, o pior que se pode esquecer, enfim, ainda não tinha começado a pedalar e já estava danado.
       Por termos efetuado o pagamento mais tarde, partíamos da box 5, e tínhamos mais de 1.100 ciclistas à nossa frente, embora mais preocupante eram os 3200+ acumuldo, com 5 subidas terríveis para serem ultrapassadas.
       A adrenalina sobe à medida que se aproxima o início da prova, e acho mesmo que é esta a sensação do sangue a ferver as veias e a vontade de competir, que me motiva a participar e a treinar, com muito esforço e dedicação, para vir a estes grandes eventos.
     Dada o tiro de partida, às 09H00 em ponto, demoramos cerca de 6 minutos a chegar à meta, ultrapassando constantemente ciclistas, para poder chegar o mais à frente possível.
      Acaba por ser perigoso estas ultrapassagens no início, já que estão todos com muita força e os toques são muito frequentes, bem como as quedas.
1ª Subida: subida por Adorigo para Tabuaço, com 7 km de extensão, onde rolámos bem, mas sem grandes loucuras, continuando sempre a ultrapassar ciclistas. No cimo tínhamos o 1º abastecimento, onde nem cheirámos os bolinhos bons, descendo logo a grande velocidade para a Foz do Távora.
2ª Subida: subida para Castanheiro do Sul, com algum pavé pelo meio, que a tornou ainda mais difícil até Várzea de Trovões, onde entrámos num sobe e desce duríssimo de cerca de 5km até São João da Pesqueira. Continuámos bem, conseguindo manter o andamento forte, até então.
3ª Subida: culminava com o 2º abastecimento, mas era só passar e cheirar, porque comer nem nada. O mister não deixava, dizia que estávamos muito gordos...lol..
4ª Subida: depois de mais uma descida "bruta", passámos pela barragem da Valeira, bem conhecida do ano passado. Foram 7 km a subir, com inclinação média de 7%, mas com os primeiros 4km muito duros. Bem no cimo a organização oferecia favaios, para os mais corajosos. Tendo como máxima, "se conduzir não beba", tive medo de arriscar, não fosse na primeira curva voar até ao Douro. Esta subida fez mossa e de que maneira, não fossemos já com 91km, onde em determinadas zonas, fomos obrigados a abrandar o ritmo, para poder ganhar balanço para o fim.
      Contudo mais à frente decidimos que obrigatoriamente tínhamos de parar no abastecimento, no mínimo para meter líquidos.  O cardápio era de tal ordem diverso, que quando cheguei fiquei sem saber muito bem o que comer. Não me podia esquecer do que me tinha acontecido na edição transata, em que me lambuzei de tudo e mais alguma coisa e depois vim com vómitos vários quilómetros, raio da gula.
       Depois de passado este ponto terrível, vinha uma das descidas mais bonitas da prova, ia deitando o olho à paisagem brutal, sem nunca descurar a estrada, já que a velocidade rondava entre os 50/60 km/h. Como falei com outro colega, este é um local magnífico para andar, só é pena não termos muito tempo para poder comtemplar esta beleza.
5ª Subida - faltava a sobremesa- subida para Alijó, com passagem pela futura barragem do Tua, com uma distância de 15 km sempre a subir. A principal dificuldade estava no início, com pendentes altos.
      Quando vi a placa a dizer Alijó, bem que me aliviou a alma. A seguir aparecia Favaios, onde entrávamos logo em grande velocidade  até ao Pinhão.
       Foi nesta altura da prova que eu tive imensas dificuldades em acompanhar o grupo de cerca de 10 ciclistas que se juntaram. Todos estavam cansados, mas eu parecia nitidamente o mais desgastado de todos.
      Na descida o Gouveia avisou-me que a roda de trás estava empenada. Quando olhei para ela, assustei-me de tal maneira, que ia cheio de medo, já que rolavávamos em grande velocidade, com curvas muito fechadas. Nesta altura da prova tive muita dificuldade em acompanhar o grupo e já no Centro de Pinhão, e durante 1 km de pavé, ouvi um barulho metálico a partir vindo da roda traseira, que me obrigou quase a parar, para ver o que tinha acontecido, passando pela cabeça a sensação que estava tudo terminado e tinha morrido na praia.
       O Grupo fugiu e o Gouveia ficou na retaguarda do mesmo aos "gritos" para eu apertar e chegar junto dele, para me esforçar...e eu....desesperado a dizer que não conseguia porque estava com a roda toda partida, mais parecíamos dois malucos a "discutir"...lol...
        Quando entramos novamente no asfalto, a bike começou novamente a trabalhar bem, faltando 25 km até à meta, mas com o grupo já longe.
      Novamente o Gouveia decidiu apostar tudo, para colarmos novamente ao grupo, pois o vento estava muito forte de frente e se não o conseguíssimos iríamos sofrer e bem até à meta.
    Eu já estava por fios e num grande esforço, conseguiu rebocado pelo Gouveia, que voltássemos novamente ao grupo. Eu já só queria terminar e olhava constantemente para os kms. O grupo circulava a alta velocidade, com médias de 40/45 km/h, e ultrapassavamos outros ciclistas a tal velocidade que até metia medo. Ainda apanhamos outro grupo que se juntou ao nosso, onde na parte final, a melhor posição no pelotão, começava a criar perigo.
        Decidi não ir ao choque e na última viragem para a reta da meta, o sprint foi de loucos, o Gouveia disparou, conseguindo uma boa classificação, onde eu na parte final ainda consegui dar um ar da minha graça e subir dois lugares na reta da meta.
      Ficaram assim em termos estatísticos 160 Km feitos em 05H45, com um altimetria 3256+ e média de 28 km/h, atingindo a velocidade máxima de 69,5 km/h. Na classificação geral fiquei em 152 e no meu escalão em 40º, sendo na minha opinião uma boa classificação.
       Não poderia deixar de agradecer ao meu amigo Gouveia, por me ter acompanhado em mais um Granfondo, muitas vezes em seu prejuízo, mesmo contra a minha vontade, continuando acreditar que: "sozinhos podemos andar mais rápido, mas juntos podemos ir mais longe"...

Sem comentários: