Por vários imprevistos, não estava fácil arranjar
parceiro para me acompanhar nesta deslocação a Vale de Cambra, para mais uma
etapa do circuito Gps Epic.
Contudo mesmo no soar do gongo, o Gouveia lá se
conseguiu desenrascar e assim regressou novamente ao monte, já que até ficou fã
do circuito.
Partimos bem cedinho, como gosto, de forma a não
apanhar muito congestionamento nos trilhos e poder chegar cedinho a casa, ou
pelo menos, na medida do possível.
Esta etapa tinha vários momentos altos, desde a
entrega de medalha de superação, no cimo da Serra da Freita, tal como no ano
anterior, a beleza típica daquela zona, a sua gastronomia, bem como a
possibilidade de plantar uma árvore, aproveitando a celebração do dia
internacional da floresta.
Chegados ao local da partida, onde estava todo o
staff reunido e já com bastante pessoal, cheio de vontade de pedalar, fomos
presenteados com um frio terrível, que de todo estávamos à espera de tal
receção, agravando o facto de o equipamento ter ficado em casa a dormir.
Os primeiros quilómetros deram para aquecer as
pernas, para logo de seguida aparecer a indicação de “parede”, digamos que era
escusado, já que a inclinação da bike não enganava, em que parte dela foi
transposta em cima da bike, e a outra a empurrar, devido à dificuldade do
terreno, com muita pedra solta.
Como ainda não tínhamos tomado o cafezinho,
aproveitamos uma confeitaria para abastecer os depósitos, com a bela nata e
cafeína, por sinal, o mesmo local, onde o ano passado também tinha parado com o
Laranjeira.
No estudo da etapa, tinha assinalado como
prioridade para comer algo, a aldeia de Paraduça, ao km 36 e ainda bem que o
fizemos, pois não faltava comida boa, que também serviu para descansar um pouco
e retemperar forças para o que faltava.
Logo no recomeço o Gouveia começou a ver a roda
de frente a fugir e eis que tinha o pneu da frente totalmente em baixo, onde na
primeira fase, tentamos apenas encher para ver se ele aguentava a dureza da
pedra.
O ritmo continuava como desde início, forte,
forte, fortíssimo. O meu joelho, que não estava bem desde o início da etapa,
começava a dar sinais de não estar a gostar muito da coça velha e ia chorando
de dor…lol..
Rapidamente entramos num terreno baldio, na
Aldeia de Paraduça- Arões – Serra da Freita, local onde se encontravam imensas
pessoas a plantarem árvores, já que se festejava o dia internacional das
florestas e contava ainda com a presença da Ministra Agricultura e do Mar.
Numa picada, o Gouveia decidiu fazer uma
paradinha e eu… pimba…charco, e logo na altura que o fotógrafo estava bem em
cima do acontecimento. Ainda o tentei persuadir a não publicar a foto, vamos
ver se ele respeita…lol…
O pneu da frente da bike do Gouveia, continuava a
dar problemas e para não demorar ainda mais tempo, decidimos tentar fazer uma
troca à F1 e num pestanejar já rolávamos monte acima a grande velocidade.
Aproveitando a boa forma que o Gouveia, está a
passar, a cerca de 25 km do fim, decidiu desforrar-se da Serra da Estrela e eis
que passa ao ataque monte acima até ao ponto mais alto da Serra da Freita.
Basicamente as descidas eram feitas a grande velocidade e as subidas eram
sempre feitas em cima da bike a pedalar forte. Não foi fácil acompanhar e ainda
avisei o meu companheiro que faltavam muitos quilómetros e que poderíamos pagar
um preço alto pelo andamento que estávamos a impor, mas acho que quanto mais
falava, mais ele atacava. Então decidi ferrar os dentes e seguir na roda dele
até ao ponto mais alto e juntos recebermos a medalha de superação dos 70 km,
recordação simbólica oferecida por esta equipa.
Apenas nos restava concluir a etapa, mas os cerca
de 6 quilómetros que faltavam, foram um tormento para o meu pescoço, agradecendo
a pedra solta, num terreno muito duro, que tanto caracteriza aquele local.
De todo o percurso é de salientar a passagem na
Capela Nª Srª Ouvida; o espelho de água resultante da nova barragem de
Ribeiradio – Rio Vouga; a Ponte Teixeira na regional 227, que separa Viseu de
Aveiro, com o Rio Teixeira sempre nas suas margens; a travessia da quinta das
Regadas, onde é produzido o vinho verde Portas da Tulha, e que permitiu um
serpentear por entre as vinhas; passagem por pequenas aldeias, como Cepelos,
Viadal, Falcão, Campo D´Arca, Casal Velide, Paraduça, Lomba, Manhouce, com as
suas gentes simpáticas, muitas delas a trabalhar no campo, mas que nos saudavam
à nossa passagem.
Pessoalmente não gostei do percurso, devido a ter
desmontado vezes demais para meu gosto e pela dureza do mesmo, com muita, muita
pedra, onde o percurso que nos apresentaram o ano passado estava melhor planeado.
Para a posteridade ficaram 72,5 km feitos, com uma
altimetria de 2400+ em 05H45.
Depois de descarregar o nome, tivemos direito a
experimentar uma bela sangria de vinho branco da região e saborear broa com
mel. Aqui quase que íamos sendo expulsos pela organização por não conseguirmos
sair da banca, já que não conseguimos parar de comer. Para compensar lá
trouxemos uma broa bem saborosa e um mel do melhor para casa, para continuar
com a saga…lol..
Uma vez mais obrigado ao meu companheiro-
Gouveia, em mais uma viagem dura, como costumamos dizer: “viemos de barriguinha
cheia”, tal foi o empeno. Agora resta recuperar, lamber a feridas e venha o próximo… lol
1 comentário:
Excelente reportagem, à semelhança no ano anterior ;)
Compreendo a dificuldade do percurso (pois andamos cá todo o ano) :) mas para vos levar aquelas aldeias e paisagens, infelizmente até foram os melhores caminhos que temos :( o investimento na floresta aqui na região é muito fraco... este evento tem um bocado a intenção de dar o alerta para a necessidade de se investir mais no interior e que os estradões e caminhos florestais tão são importantes... mas depois aqui também nascem pedras, o que torna sempre o andamento complicado :)
Abraço dos Duros e boas pedaladas
Joel Santos
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