Depois do circuito NGPS se ter dividido ao
meio, nasceu o "Circuito Gps Epic", em que a Ecobike tinha a honra e
responsabilidade de dar o "pontapé de saída". Depois de eu ter
estado 2 anos sem participar nos eventos organizados por esta equipa, por
razões por mim completamente ultrapassadas e esclarecidas, tinha uma enorme
vontade de voltar, confesso.
Claro que para esta etapa, a Ecobike
assumia uma grande dose de responsabilidade e risco, não só pela altura do ano,
bem como pelo local escolhido, nada mais que o ponto mais alto de Portugal
Continental (1.993m), ou seja, a magnífica Serra da Estrela, ultrapassável só
pela montanha do Pico (2.351m).
Um dos problemas que tinha para resolver,
era exatamente quem iria ser o meu companheiro nesta viagem, já que o meu amigo
Templário, como era óbvio estava ocupado na organização desta etapa. Face a
isso, nada melhor que convidar o Gouveia, que estava em grande forma,
tendo uma grande oportunidade de voltar ao monte e assim deixar a roda fina por
um dia...lol...
Consultado o meu blog, o Gouveia já não vinha ao monte, desde a
viagem que fizemos a Idanha-a-Nova, em 08 de Maio de 2010, meu deus .....
Durante a semana que antecedeu o evento, o
tempo não tinha estado nada famoso, com muita chuva e nevoeiro, contudo
contávamos com as boas previsões para subir à torre.
Pois bem, depois de ter dormido muito
rápido, pelas 05h45, já estava o Márito em minha casa, onde depois de carregar
os gordos Ricardo e Carvalhal, de imediato partimos para Seia, local onde
estava todo o staff montado.
Aqui chegados a animação já estava ao
rubro, sentindo-se o natural frenesim que antecede estes eventos de btt, com
muita boa disposição e alegria entre todos, onde revemos amigos e conhecidos
destas andanças, como se tratasse de um ritual, em que de etapa em etapa lá
estamos todos reunidos para mais um dia de btt.
Partimos a um bom ritmo, onde se notava e
bem a altimetria, tal como gosto. Mesmo quando apertava o ritmo, o meu
companheiro estava sempre lá a roer-me os calcanhares, onde não se notava a
ausência prolongada do monte, perdendo um pouco apenas nas zonas mais
técnicas a subir e descer, onde a diferença para a estrada é muito.
O tempo não estava nada famoso, com muito
nevoeiro, frio e chuva miudinha, onde começávamos a ter medo do que nos
esperava na parte final da etapa.
Até meio da etapa, tinha uma sensação que
os gastos de energia, eram menores do que ia comendo nos postos de
abastecimento, culpa da organização, que de 10 em 10 Km colocava bananas,
aletria, laranjas, bebidas isotónicas, barras, para deleito do pessoal, ficando
apenas a faltar aquecedores...lol...
Quando começamos o "ataque" à
torre, o tempo estava muito agreste, com imenso frio, rajadas de vendo muito
fortes, em que constantemente pedalava de lado, para não ser cuspido para a berma.
Até à lagoa comprida, ainda fomos aguentando
o frio, que à medida que subíamos, mais difícil se tornava. Com o nevoeiro
serrado, era impossível ver muito à frente, perdendo a noção de quanto faltava
até ao cume. Aqui chegados, meu deus, escondemo-nos atrás de uma roulotte, tiramos
umas fotos à pressa, coloquei o impermeável e siga que para baixo, que estava
mau de mais para ser verdade.
A descida, meu deus, a descida…foi
terrível. As luvas estavam já à muito molhadas e com a temperatura tão baixa,
estava completamente gelado. Não sentia as mãos e nem as mudanças conseguia
mudar, nunca tinha sentido tamanho frio nas mãos, com o meu companheiro sempre
a soprar-me nas orelhas…lol..
Descemos o mais rápido que conseguíamos,
já que havia muito trânsito na torre, até chegar novamente ao abastecimento
onde se encontravam o Márito com o André, voltando novamente aqui a entrar no
trilho.
Depois aconteceu exatamente o contrário, à
medida que subia a temperatura, as mãos aqueceram e pareciam que iam explodir
de tanto calor, mais uma consumição….lol…
Contudo, continuávamos a bom ritmo, sempre
a fugir do frio da serra, até chegarmos a uma escarpa, que tinha de ser
transposta à mão, tal era o declive, para chegarmos ao famosíssimo “cornos do
diabo”, que custaram imenso a transpor, já que era bastante perigoso, onde
ainda pensei em atirar a bicicleta do cimo e depois recolher quando acabasse de
descer o declive…lol…
Segundo a organização, este foi o preço
que tivemos de pagar, para termos acesso ao que se ia passar a seguir – percorrer
um single track denominado “levada da àgua”. Sem dúvida que além da sua beleza,
foi sempre feito a serpentear a grande velocidade, com a água mesmo pertinho
das rodas.
Quando já começava a cheirar o fim, eis
que tivemos mais uma picada para outro local de culto, ou seja, “cabeça da
velha”, que estava velhinha, mas em grande forma, tendo em conta algumas pessoa
que conheço.
Finalmente chegamos ao fim do percurso, já
com 78 km contados, com mais de 2.600 de altimetria acumulada, feitos em 5H30,
com uma média perto dos 14 km/h…muito bom….
Se soubesse o que ia sofrer com o frio a
descer, não tinha ido ao cimo da Serra, pelo menos foi esse o sentimento quando
acabei, mas não o de agora…lol…sempre a mesma vontade e loucura.
Para a posteridade ficaram as passagens
pela imponente Torre, Vale do Rossim, Manteigas, Lagoa comprida, Seia, Sabugueiro,
Cornos do Diabo, Cabeça da Velha, entre outros.
Depois do banho tomado e sempre com água
quente, lá fomos encher a barriguinha, com mais um mimo da organização, pois ainda
tinha direito um pedaço de pão com queijo da serra, vinho do porto, tosta com
mel e ainda um puf para o frio do pescoço, não faltava nada.
Na chegada ainda estavam montadas duas
tendas, uma da Nutrimania, em que nos era oferecidas bebidas isotónicas, bem
como fast recovery e ainda uma de queijos de sandes de presunto. Aqui o
problema foi comer apenas uma sande, bem recheada de presunto e com queijo da
serra, estavam brutais.
Tal como já referi o risco foi ganho, pois
estiveram em enorme plano, com inúmeros
abastecimentos em que nada faltava; centenas e centenas de fotos, em locais sem
condições mínimas; partida e chegada muito bem organizadas, com muito bom
ambiente; os banhos quentes; as lembranças e o queijinho da serra, tudo esteve
presente, e por isso estiveram muito bem, esperemos pela próxima, que devia ser
no Algarve…lol…
Uma palavra de agradecimento para o meu
amigo Gouveia, que regressou ao monte, e, que me acompanhou nesta etapa
duríssima. Não obstante a altimetria, tinha decidido impor um ritmo forte desde
início, para ver até onde conseguia ir. Senti-me bem e sempre acompanhado por
muito perto pelo Gouveia, que a continuar assim nem no monte vai cheirar a
minha roda…lol…
Obrigado aos Ecobikes pela maneira amiga
como todos sem exceção me receberam.
Venha a próxima etapa….
1 comentário:
Parabéns aos 2, por esta grande aventura off Road :)
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