Desde que
comecei nestas “lidas” do ciclismo de estrada, que anualmente vou acompanhando
aquele que se foi transformando num dos maiores eventos nacionais de ciclismo
de estrada “out” competição.
Basicamente é
uma travessia sem partida oficial, hora marcada ou outros formalismos, entre
Tróia e Sagres, numa extensão de cerca de 200 km, dependendo de onde se começa.
Pois bem, este ano, foi organizada
pelo grupo uma “descida”, devidamente planeada para atacar Sagres, e, tendo em
conta a qualidade dos atletas que aceitaram o desafio, eu não poderia perder a
oportunidade de o realizar.
Assim, partimos o Zé, Gouveia,
Portela, Pedro e eu, até Coimbra, onde nos esperava uma firma especializada em
transporte de bikes e acompanhamento de eventos desta natureza.
Claro que a viagem é longa, e em
virtude de já não ser possível apanhar o Ferrie, decidimos jantar em Almeirim,
no Restaurante “O Forno”, bem junto à Praça de Touros. Começamos com uma bela
sopa de peixe, seguida de secretos de porco preto, pois, que má escolha se
tornaria esta iguaria, péssima mesmo, conforme mais à frente irão comprovar.
Barriguinhas cheias e aí fomos
nós fazer a viagem bem longa até Tróia, para pernoitar no Hotel Soltróia- Foz
do Sado.
Ficou tudo preparado antes de deitarmos,
perto da 01H30, ficando a alvorada marcada para as 06H45, para descer para o
pequeno-almoço, cedinho, bem cedinho….
Contudo para mim a noite foi
longa, pois senti-me mal depois de me ter deitado e fui obrigado a ajoelhar-me
e agarrar-me à sanita, para conversarmos e quiçá deitar fora o raio dos
secretos, que me estavam a matar.
Entretanto estava naquela maratona à mais de
meia hora e eis que entra o meu companheiro de quarto- Gouveia, também mal
disposto. Quando me viu ali sentado no chão, agarrado à sanita, diz ele: que
tás aí a fazer????...respondi: o que é que achas???’…tou morto e ainda nem descobri,
raios de secretos.
Estava bonito, os dois a
sentirem-se mal, sem descansarem e com 200 km pra fazer de bike já de seguida.
Esperava que o restante pessoal estivesse melhor.
No pequeno- almoço verificamos
que o restante pessoal estava bem, quiçá comemos a parte do porco que estava
estragado.
Por norma, gosto de tomar um bom
pequeno-almoço, antes destas etapas, mas apenas deu pra chã e pouco mais, eu só
pensava, como iria ter energia e conseguir fazer esta etapa a beber chá, com
vómitos e a barriga a fazer barulho, como se tivesse um monstro dentro dela….
Bem, pelas 08H00 e depois da foto
da praxe, começamos a rolar para Sagres, com um frio de morrer.
Durante o percurso íamos rodando
sempre em fila, conforme a disponibilidade física do pessoal, o objetivo não
era bater record, apenas chegarmos todos ao final.
O inicio foi muito
complicado para mim, pois não me sentia nada bem do meu estômago, mas aos
poucos foi melhorando.
Realmente é incrível a quantidade
de pessoal que se vê na estrada, com grupos enormes de ciclistas, a maioria
organizados com carrinhas de apoio e logística, transformando este Tróia-Sagres
a “meca” do ciclismo, onde pelo menos uma vez na vida quem gosta de bikes devia
fazer.
Fizemos uma pequena paragem
técnica em São Teotónio, já com 126 km percorridos em 03H40, com um andamento muito
bom. Antes desta paragem, tínhamos acabado de ser ultrapassados pelo grupo do
Vítor Gamito, que vinham literalmente a voar, cambada de brutos…lol…
Pois bem, daqui até ao final, foi
um sobe e desce constante, mas o grupo manteve-se sempre unido e coeso, até
concluirmos a etapa.
Em suma fizemos passagem por:
Tróia- Comporta/Galé- Carvalal – Melides - Vila Nova Stº André (Reserva Natural
das Lagoas de Stº André e da Sancha) - Parque Campismo S. Torpes - Brunheiras -
Vila Nova Milfontes (costa Sudoeste do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e
Costa Vicentina – São Teotónio - Odeceixe – Aljezur – Carrapateira – Vila do
Bispo – Sagres- Parque Infante D. Henrique.
No final, foram percorridos os 198,5 km, com
1400+, feitos em 5H45m, c/ média de 34,5 km/h e 243bpm.
Feita a viagem de regresso até
Coimbra, os gordos não quiseram perder a oportunidade de se degustarem num belo
porco…e eu como ainda não estava em grande “forma”, continuava a beber chã…
As viagens custam mais que a
própria travessia, realmente é muito longe, mas quando se vai numa aventura
destas com as pessoas que fizeram parte deste grupo, tudo é mais fácil.
Obrigada aos meus amigos/companheiros de viagem: Zé, Gouveia, Pedro e Portela, pois
são uma ótima companhia para fazer estas aventuras, porque o ciclismo é muito
mais que andar de bicicleta.
Obrigada, sois os maiores….
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